A montagem de “O Rei Leão” no Brasil é um espetáculo desafiador, porém bem-sucedido, que conseguiu transformar um clássico da animação em um clássico do teatro musical. Sob a direção de Julie Taymor, a produção utiliza máscaras, fantoches e referências africanas para criar uma experiência memorável. Após 25 anos em cartaz na Broadway e com um público de 112 milhões de pessoas ao redor do mundo, o espetáculo retorna ao Brasil, mantendo a excelência do show original.
A equipe internacional, incluindo a própria Julie Taymor, acompanhou de perto o processo de criação da montagem brasileira, garantindo que todas as exigências da produção réplica fossem seguidas. No entanto, o espetáculo também busca dialogar com a atualidade e o público brasileiro. A tradução permitiu a introdução de referências locais, como Louro José e Pelé, além de adaptações de diálogos e músicas em línguas africanas.
O elenco, composto por 51 atores, sendo 11 estrangeiros, traz uma novidade ao espetáculo. A presença dos artistas internacionais fortalece o coro e traz autenticidade às músicas e diálogos em línguas africanas. Destaca-se a participação de duas atrizes sul-africanas nos papéis centrais da produção brasileira.
Zama Magudulela, como Rafiki, impressiona ao aprender a cantar em português, especialmente na icônica música “Ciclo da Vida”. Apesar de alguns problemas de compreensão no início da temporada, seu sotaque passa a soar natural ao longo do espetáculo, o que se encaixa bem com a personagem. Nokwanda Khuzwayo, como Nala, enfrenta desafios com o sotaque, mas sua dedicação e substituição às pressas mostram seu talento.
Thales Cesar, como Simba, além de sua voz impressionante, transmite com habilidade os conflitos internos do personagem. O ator estreia em musicais da Broadway com sucesso, expressando as nuances do protagonista ao lidar com os fantasmas do passado. Marcel Octavio, como Scar, reforça seu talento ao criar um vilão envolvente, e a utilização de máscaras permite que o público aprecie a atuação dos atores e dá um toque especial às marionetes, como o personagem Zazu, interpretado por Rafael Canedo.
A montagem brasileira de “O Rei Leão” é um exemplo de que não é necessário reinventar algo que já é um sucesso. Ao manter a excelência do show original e trazer elementos que dialogam com o público brasileiro, o espetáculo continua atraindo e encantando a todos que têm a oportunidade de assistir. A combinação de música, dança, figurinos impressionantes e uma história emocionante fazem dessa produção uma experiência inesquecível.