El Niño acarretará danos nas cadeias produtivas

El Niño prejudicará economia global
Na região costeira do Peru e Equador, Oceano Pacífico estava 3,4ºC mais quente do que o normal Globo Rural

O fenômeno El Niño de 2023, identificado por pesquisadores do Dartmouth College nos Estados Unidos, é previsto para causar perdas financeiras globais de aproximadamente US$ 3,4 trilhões ao longo dos próximos cinco anos. Comparando com eventos anteriores, em 1982-83 e 1997-98, as perdas foram de US$ 4,1 trilhões e US$ 5,7 trilhões, respectivamente. No entanto, os impactos de longo prazo podem ser ainda mais devastadores, levando a perdas estimadas em até US$ 28 trilhões, com efeitos negativos para a economia mundial.

O El Niño é caracterizado pelo aquecimento na porção Equatorial do Oceano Pacífico, afetando o comportamento da atmosfera e a temperatura global. Esse fenômeno repercute no padrão de chuvas e temperaturas na América do Sul, com a expectativa de mais chuvas para o Sul do Brasil e menos chuvas para o Norte e Nordeste. No Sudeste e Centro-Oeste, a qualidade das chuvas se torna um problema, sendo mal distribuídas e irregulares, o que pode afetar o setor agrícola.

A especialista Desirée Brandt destaca que o aumento das temperaturas devido ao El Niño resultará em maior consumo de água e energia elétrica. Para o setor de alimentos e bebidas, isso significará a necessidade de estoques maiores para enfrentar o verão quente previsto. O setor agrícola no Sul do Brasil enfrentará desafios relacionados às tempestades, que podem causar danos às lavouras com a queda de granizo, apesar de diminuir o risco de estiagem.

O economista Igor Lucena ressalta que os efeitos do El Niño se intensificaram desde os eventos das décadas de 80, o que indica a realidade das mudanças climáticas. Países como o Brasil são afetados pelo fenômeno, mas menos do que outras regiões do mundo devido à menor variação de suas temperaturas. Porém, nações como Vanuatu, Tuvalu, Indonésia, Singapura e regiões como Hong Kong são extremamente afetadas, resultando em impactos econômicos significativos e falências de seguradoras.

Para evitar eventos como o El Niño, o economista destaca a necessidade de uma estratégia global de longo prazo para readequar as cadeias produtivas, tornando-as menos poluentes e capazes de reduzir os efeitos desses fenômenos climáticos. Conclui-se que medidas preventivas e de adaptação são essenciais para lidar com os desafios impostos pelo El Niño e pelas mudanças climáticas em geral.