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TSE mantém no cargo prefeito de Sete Lagoas (MG)

TSE mantém no cargo prefeito de Sete Lagoas (MG)
TSE mantém no cargo prefeito de Sete Lagoas (MG)

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reverteu, na noite desta terça-feira (28), a decisão que cassou os mandatos e declarou inelegíveis o prefeito de Sete Lagoas (MG), Leone Maciel Fonseca, e seu vice, Duílio de Castro Faria, eleitos no pleito municipal de 2016. Leone renunciou ao mandato no início do mês de março deste ano. Com isso, Duílio fica mantido como prefeito do município mineiro. As novas eleições que estavam marcadas para o próximo dia 2 de junho foram canceladas.

Ao julgar parcialmente procedente a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) proposta pelo segundo colocado nas Eleições de 2016, Emílio de Vasconcelos Costa, o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) cassou os mandatos dos políticos por uso indevido dos meios de comunicação social na campanha eleitoral. Emílio alegou que, na véspera do pleito, foram distribuídos 60 mil exemplares do jornal Boa Notícia contendo reportagem difamatória contra ele, fato que teria influenciado no resultado da eleição, levando Leone à vitória.

Relator do caso no TSE, o ministro Luís Roberto Barroso deu provimento aos recursos especiais interpostos por Duílio e Leone. Segundo ele, embora a conduta possa ter sido jornalisticamente reprovável, não houve motivo suficiente para cassar o mandato de agentes políticos legitimamente eleitos. O ministro elencou diversos aspectos que, para ele, comprovam a não configuração da gravidade de conduta que possa ter desequilibrado a disputa.

“A jurisprudência não vincula a participação do interessado, mas nós temos que dosar a gravidade [da conduta], sob pena de permitimos que um veículo de comunicação, de má-fé, divulgando uma matéria tendenciosa, produza a cassação de um agente político devidamente eleito. Portanto, pela minha concepção constitucional da liberdade de expressão como uma liberdade preferencial, e sem deixar de recriminar o mau jornalismo, eu não me animo a manter a cassação desses mandatos”, pontuou.

A Corte também afastou a inelegibilidade aplicada a Rafael Brito Abreu de Carvalho, responsável pelo jornal.

PSDB realiza Convenção Nacional no dia 31 de maio

Convenção Nacional do PSDB será no dia 31 de maio
Convenção Nacional do PSDB será no dia 31 de maio

O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) irá realizar a sua convenção nacional em Brasília para eleger o novo presidente da sigla, os integrantes do Diretório Nacional e o Conselho Nacional de Ética e Disciplina, na próxima sexta-feira (31) de maio.

Durante o evento, os tucanos também irão apreciar as alterações do Estatuto do Partido, do Código de Ética e Disciplina do PSDB e das regras de Conformidade (Compliance). 

A solenidade está marcada para começar às 10h no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), localizado no Setor de Clubes Esportivo Sul, Trecho 2, Conjunto 62, lotes 49/50, Brasília – DF.

Entrevista completa de lula ao jornalista glenn greenwald

Impressionante leia e assista a entrevista completa de lula ao jornalista glenn greenwald
Impressionante leia e assista a entrevista completa de lula ao jornalista glenn greenwald

No último dia 15, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou pela terceira vez a um veículo de imprensa desde que foi preso injustamente em abril de 2018. Ao jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept, Lula falou sobre diversos temas, entre eles sua prisão política, os desmontes do governo Bolsonaro, os desafios da esquerda […]

No último dia 15, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou pela terceira vez a um veículo de imprensa desde que foi preso injustamente em abril de 2018. Ao jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept, Lula falou sobre diversos temas, entre eles sua prisão política, os desmontes do governo Bolsonaro, os desafios da esquerda e os bastidores da eleição presidencial da qual foi impedido de participar.

Número de brasileiros que passam fome é maior que população do Uruguai

Número de brasileiros que passam fome é maior que população do Uruguai
Número de brasileiros que passam fome é maior que população do Uruguai

O Brasil parece estar longe de sair da crise que assombra o país há alguns anos. O desemprego já atinge 13,1 milhões de brasileiros. E o que mais assusta é o número de pessoas que passam fome no país.

O relatório internacional ‘O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018′, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), mostrou que a fome atinge 5,2 milhões de pessoas no Brasil.

Para se ter uma dimensão do tamanho do problema, a população do Uruguai é de 3,5 milhões de pessoas. O número de pessoas que passam fome no Brasil supera em 1,7 milhão a população inteira do Uruguai.

Uruguai é um dos países economicamente mais desenvolvidos da América do Sul e tem o 52º melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo. O Brasil tem o 75º.

Durante a crise financeira de 2008–2009, o Uruguai foi o único país do continente americano que não passou por uma recessão econômica técnica (dois trimestres consecutivos de retração).

O Relatório Luz da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, realizado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil, diz que o Brasil corre o risco de ser reinserido no mapa da ONU.

O estudo aponta como riscos para o aumento da fome no país o avanço da pobreza, o congelamento dos investimentos sociais por 20 anos, a alta do desemprego e o corte de pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família.

O número de brasileiros que não fazem nenhuma refeição diária passou de 10 milhões, em 2013, para 19 milhões, em 2020, o que representa, em termos percentuais da população, 4,2% e 9%, respectivamente. Com a pandemia de Covid-19, a situação das famílias ficou ainda pior, principalmente devido ao aumento do desemprego e do custo de vida.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 19.134.556 de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar grave no ano passado; 24.284.652, em situação moderada; e 73.423.348, em insegurança leve.

Dentre as regiões do país, o cenário mais grave é no Nordeste, com 7.684.981 pessoas em situação de insegurança alimentar grave, seguido pelo Sul/Sudeste, com 7.453.958 nessa situação.

Grande parte dos brasileiros e brasileiras passando fome estão na zona residencial urbana (15.460.147).

Desmonte

O governo federal acabou com o Conselho de Segurança Alimentar Nutricional em 2019, órgão criado em 1993 e extinto dois anos depois, mas recriado em 2003 com um importante papel no sentido de fomentar políticas para levar segurança alimentar às populações mais vulneráveis.

Além disso, o alto índice de desemprego, na casa dos 14,7% da população economicamente ativa, a não correção do valor distribuído pelo Bolsa Família, a redução do auxílio emergencial somado ao aumento da inflação, especialmente para produtos alimentícios, são os elementos que contribuem para agravar a situação dos mais necessitados.

Pesquisa

A pesquisa Orçamentos Familiares, do IBGE, que foi publicada no ano passado, mostra que a situação de insegurança alimentar leve subiu 62,2% de 2013 até 2017/2018; a moderada, 76,1%; e a mais grave, 43,7%.

O levantamento é feito a cada cinco anos e, por essa razão, compara o ano de 2013 com 2018.

Dieta pelo bem da digestão

Dieta pelo bem da digestão
Dieta pelo bem da digestão

Escolhas à mesa são decisivas para quem tem a síndrome do intestino irritável. Conheça o pacote de medidas

No café da manhã, que tal um pãozinho com mel acompanhado de um copo de leite?

Na hora do almoço, só não pode faltar feijão. Para o lanche da tarde, cai bem uma pera.

E, no jantar, uma saladinha de milho verde pra encerrar o dia sem exageros. Embora combinem com uma rotina saudável, todos esses alimentos podem causar o maior sufoco se você sofre da síndrome do intestino irritável (SII), condição marcada por gases, cólicas e constipação ou diarreia. Isso porque eles reúnem doses carregadas de FODMAPs, sigla em inglês que representa as iniciais de oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis. Tantos palavrões significam o seguinte: são carboidratos de difícil digestão.

“Eles propiciam a entrada de um maior volume de líquidos no intestino delgado e provocam mais fermentação no intestino grosso”, explica a nutricionista Marianne Williams, da Fundação do Serviço Nacional de Saúde, no Reino Unido. Por causa dessas características, os FODMAPs disparam os desconfortos típicos de quem tem o intestino sensível — algo em torno de 20% da população. Cortá-los do cardápio traria, portanto, um baita alívio a essa gente. E isso já está sendo observado na prática.

Pesquisas da Universidade Monash, na Austrália, indicam que a dieta com baixo teor de FODMAPs funciona em 75% dos casos. Em um desses estudos, feito com 30 portadores do distúrbio, constatou-se a redução dos sintomas na ordem de 50% após três semanas com o novo regime — a melhora apareceu especialmente depois da primeira semana. E nem adianta creditar o ganho a um efeito psicológico. Os voluntários não foram informados de que se tratava de um menu especial para que sua expectativa não influenciasse os resultados.

Diferentes categorias de alimentos, como frutas, grãos e leguminosas, têm compostos que, para algumas pessoas, armam uma confusão intestinal. Melancia, centeio e lentilha estão entre eles. O leite e seus derivados também entram na lista — para não ficar sem o cálcio presente nesses itens, o jeito é apelar para as versões sem lactose. A primeira fase da intervenção tem uma duração que varia de duas a oito semanas. Nesse período, é importante que a restrição a esses alimentos seja total. “Só assim é possível avaliar a eficácia do tratamento”, afirma a nutricionista Letícia Fuganti Campos, da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral.

Para evitar deslizes e facilitar a adoção da dieta pobre em FODMAPs, a Federação Brasileira de Gastroenterologia divulgou em sua página na internet uma tabela completa com os alimentos liberados e os proibidos. Mas esse recurso não concede sinal verde para correr ao supermercado e começar o investimento no novo cardápio, viu? Antes de mexer no menu, é necessário visitar um especialista. Tudo para garantir que, depois das mudanças, seu corpo não sofrerá com a ausência de nenhum nutriente.

A dieta contra a SII é dividida em três fases. Na primeira, que deve durar entre duas e oito semanas, o objetivo é banir os FODMAPs. Na segunda, o indivíduo deve reintroduzir, aos poucos, os alimentos proibidos e prestar atenção naqueles que mais desencadeiam as crises. Essa etapa serve para conhecer melhor o humor e as reações do intestino.

Na terceira e última fase, a ideia é adotar um regime alimentar mais próximo do normal. “A meta é voltar com a maioria dos alimentos, desde que os sintomas permaneçam controlados.

Assim, o indivíduo consegue identificar os mais, digamos, perigosos”, explica a nutricionista Jane Muir, do Departamento de Gastroenterologia da Universidade Monash.
Se os sintomas do distúrbio não melhorarem com o cardápio especial, convém voltar ao consultório para rever as estratégias. “O acompanhamento médico continua sendo a melhor pedida para controlar a SII”, ressalta Carlos Fernando Francesconi, chefe do Serviço de Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Até porque nem sempre a dieta com baixo teor de FODMAPs é a melhor aposta.
Francesconi costuma indicá-la apenas a pacientes com quadros de SII mais severos. “Nos casos leves ou moderados, uma dieta considerada balanceada já é o suficiente”, garante o gastro. “Nenhum alimento deve ser banido para sempre”, reforça. Na dieta dos FODMAPs, cabe reforçar, isso não acontece. Ela deve durar, no máximo, dois meses. Se for além disso, existe o risco de ocorrer uma modificação na flora intestinal e, como consequência, uma piora nos sintomas que já atormentam os portadores da condição.

Outra recomendação de quem entende: pessoas sem a síndrome não têm motivos para adotar esse programa alimentar — não, ele não ajuda a emagrecer.

“Os FODMAPs, na verdade, são até bem-vindos para um intestino saudável.

Portanto, devem, sim, ser consumidos por quem não apresenta a SII”, avisa a pesquisadora australiana Jaci Barrett. Aliás, se o indivíduo só tem constipação, por exemplo, é provável que sejam necessários outros tipos de ajuste no cardápio (e isso influenciará inclusive na escolha dos alimentos).

Francesconi pontua ainda que a dieta não pode ser encarada como a protagonista do tratamento da SII.

Afinal, falamos de um quadro complexo no qual o estresse tem enorme impacto. “Casos de luto, violência e até crise econômica afetam a digestão”, diz o especialista. Conhecido como segundo cérebro, o intestino também está sujeito a alterações de temperamento. Mas é bom saber que a comida certa, mesmo como coadjuvante, pode ajudar a acalmar seus ânimos.

Sem FODMAPs
Um dia seguindo a dieta para acalmar o intestino
Desjejum

Leite de soja ou leite sem lactose batido com banana e aveia. Ou um pão sem glúten com queijo sem lactose acompanhado de uma fatia de melão.

Lanche da manhã
Iogurte sem lactose e uma porção de morango ou de abacaxi.

Almoço
Forre metade de um prato com cenoura, alface, tomate, pepino, berinjela, abobrinha, espinafre, rabanete e abóbora. Na outra metade, coloque uma porção de arroz integral com um peixe ou uma carne (vermelha ou de frango).

Lanche da tarde
Mix de oleaginosas e uma tangerina.

Jantar
Repita o almoço. Dá para substituir o arroz por batata- -doce ou batata-inglesa, polenta ou macarrão sem glúten. Sempre reserve mais espaço para a salada. Ovo também está permitido.

Quando fazer exame para detectar o câncer de pulmão?

Câncer de pulmão
Câncer de pulmão

Esse é tumor que mais mata no Brasil e no mundo. Saiba como detectá-lo adequadamente

Estima-se que ocorram 28 220 novos casos de câncer de pulmão e 24 490 mortes relacionadas ao tumor todos os anos. Saiba como detectá-lo adequadamente:

Exame: Tomografia computadorizada de baixa dosagem

Quem deve fazer: Indivíduos que fumaram um maço diário nas últimas três décadas, com idade entre 55 e 74 anos — mesmo aqueles que abandonaram o vício há menos de 15 anos. Outras pessoas devem debater o assunto com seu médico.

Periodicidade: Uma vez ao ano

O tumor que mais mata no mundo entrou recentemente no rol dos rastreáveis, após o término do National Lung Screening Trial, estudo americano que acompanhou 53 mil tabagistas. Metade deles fez tomografias de tórax de baixa dose de radiação, enquanto a outra parcela passou por radiografias. “A experiência precisou ser encerrada antes do prazo porque no grupo da tomografia foi observada uma redução de 20% na mortalidade pela doença”, conta o cirurgião de tórax Ricardo Sales dos Santos, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

O exame anual começou a ser prescrito nos Estados Unidos a quem fuma ou fumou um maço diário de cigarros por mais de 30 anos. “Trabalhamos agora na classificação dos nódulos nos pulmões para saber qual será a conduta médica após o diagnóstico primário”, detalha Santos, investigador do ProPulmão, pesquisa com cerca de 800 voluntários que analisa a adoção da estratégia em terras brasileiras.

15 perguntas e respostas sobre o zika vírus

zika vírus
zika vírus

Experts esclarecem as principais dúvidas sobre a infecção que está tirando o sono dos brasileiros. E aí vai um alerta: o cenário tende a piorar no verão

  1. De onde vem esse vírus?

Ele foi descrito pela primeira vez em 1947 e, até então, infectava macacos da floresta de Zika, em Uganda — daí seu nome. Em 1952, esse país africano identificou o primeiro caso em humanos. Na época, os visitantes da região só pegavam o vírus esporadicamente. “Após uma sucessão de tentativas, o zika conseguiu estabelecer uma cadeia de transmissão envolvendo mosquitos e seres humanos”, explica o biomédico Caio Freire, da Universidade de São Paulo. Essa evolução permitiu que ele expandisse seu território.

  1. Como o zika chegou ao Brasil?

Há duas suspeitas: a Copa do Mundo de 2014, que trouxe muitos estrangeiros, e um campeonato de canoagem realizado ano passado no Rio de Janeiro, que contou com a participação de nações do Oceano Pacífico, como a Polinésia Francesa e a Micronésia. Esses locais foram os primeiros a sofrer surtos de zika, e a linhagem que se instalou aqui é a mesma de lá. “O vírus encontrou um ambiente perfeito no país. Bastante gente e uma enorme população de mosquitos”, observa Freire.

  1. Além do mosquito, há outras formas de contágio?

O Aedes aegypti é o principal vetor mesmo. Mas não dá pra dizer que é o único. Até agora, foi comprovado um caso de transmissão por via sexual e outro por transfusão de sangue. Há indícios também de que o vírus seria carreado pelo leite materno. Tudo leva a crer, porém, que são situações atípicas. O pernilongo é o maior foco de preocupação. “Se tivéssemos combatido melhor o Aedes, provavelmente não estaríamos passando por isso”, avalia Bianca Grassi de Miranda, infectologista do Hospital Samaritano de São Paulo.

  1. Quais os reais sintomas da infecção pelo zika?

O ataque do vírus é considerado leve na maioria das vezes. Tão brando que 80% dos infectados não apresentam sintomas. Já o grupo dos 20% tem um quadro parecido com o da dengue: febre, dores no corpo, manchas vermelhas e até diarreia e vômito. O mal-estar dura entre três e sete dias. “A doença costuma ser autolimitada, ou seja, dura um período determinado e é eliminada pelo próprio organismo sem grandes repercussões”, esclarece Bianca. Ainda assim, pode cobrar uma visita ao hospital.

  1. Quais as principais diferenças em relação à dengue?

Por causa da familiaridade entre esses vírus (e o chicungunya também), as manifestações confundem. “A Organização Mundial da Saúde parte do pressuposto de que são doenças idênticas”, conta o infectologista Marcelo Mendonça, do Hospital Santa Paula, na capital paulista. “Tanto é que investigamos o zika só depois de descartar os outros”, completa. Um sinal mais comum do novo inimigo é a vermelhidão nos olhos. Só que apenas um exame é capaz de cravar a distinção.

  1. E como é feito o diagnóstico?

Ele ainda é cercado de desafios. Primeiro os médicos precisam eliminar outras suspeitas. Depois, o protocolo pede que o indivíduo passe por um teste sanguíneo apto a acusar o vírus. A questão é que essa técnica é cara e, por ora, só destinada a casos mais graves. Para ampliar o acesso ao tira-teima, pesquisadores brasileiros já estão trabalhando em cima de um exame que usa um método parecido com o da sorologia para o HIV. Mais barata, essa análise flagra anticorpos criados pelo organismo em resposta ao zika.

  1. Existem perfis de maior risco para a infecção?

Por enquanto, a preocupação ronda sobretudo as mulheres no início da gestação, porque o vírus consegue atravessar a placenta e chegar ao feto. No pequeno, ainda indefeso, o zika pode comprometer o desenvolvimento do cérebro e do crânio. Mas não são só bebês que estão sujeitos a transtornos. “Pessoas com déficit no sistema imunológico, como as que se tratam contra um câncer, tendem a enfrentar quadros mais severos”, exemplifica Bianca. Ainda se enquadram nesse grupo portadores de doenças autoimunes.

  1. Como o vírus causa microcefalia?

Nos primeiros meses da gravidez, a imunidade do feto ainda não está estabelecida. “Assim, o vírus, que tem preferência pelo cérebro, consegue se instalar ali sem encontrar resistência”, explica a neuropediatra Silvana Frizzo, do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo. O invasor até vai embora, mas as sequelas de sua estada duram para sempre. A microcefalia ocorre quando o perímetro da cabeça do bebê não se desenvolve mais do que 32 centímetros. E essa limitação no crânio vem acompanhada de danos à massa cinzenta.

  1. Como a microcefalia repercutirá na vida dessas crianças?

O cérebro delas cresce menos e apresenta malformações, além de pequenas lesões que se calcificam — o que está por trás de convulsões e déficits motores. “Fetos acometidos no início da gravidez, como observamos com o zika, estão suscetíveis às complicações mais sérias. Mas ainda não sabemos ao certo como será o desenvolvimento deles”, diz Silvana.

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  1. O zika pode afetar o sistema nervoso dos adultos?

Sim. Tudo indica que ele tem atração especial pelos nervos. “Nos adultos, o vírus não chega ao cérebro porque é anulado antes, mas pode servir de gatilho à síndrome de Guillain-Barré”, esclarece Silvana. Essa condição, não tão comum, é caracterizada pelo ataque das células de defesa a terminações nervosas. É como se o vírus plantasse a discórdia interna. A síndrome causa paralisia nos membros e requer internação hospitalar. Ainda bem que, com tratamento certo, é revertida em médio prazo.

  1. Existe tratamento para a infecção?

Assim como na dengue, não há remédios que combatem o vírus em si. Logo, os médicos tratam os sintomas e previnem complicações. Para os adultos, a situação não costuma ser tão penosa, já que a infecção é inofensiva na maioria das vezes. Pessoas que evoluem para a síndrome de Guillain-Barré são internadas e tratadas com drogas imunossupressoras. Crianças em geral pedem um olhar mais atento. E os pequenos com microcefalia tendem a necessitar de acompanhamento especializado pelo resto da vida.

  1. Uma epidemia de zika pelo Brasil é possível?

Não só é possível como muito plausível que isso aconteça. “O Aedes aegypti existe em todo o país e, no verão com chuvas, o clima é favorável à sua reprodução”, justifica Marcelo. Há outro alerta no ar: o vírus não para de evoluir. “Uma mutação pode ter aumentado sua capacidade de se replicar e se propagar, fazendo com que se espalhe mais facilmente”, conta o virologista Paolo Zanotto, da Universidade de São Paulo, coautor de um estudo que identificou essa provável metamorfose.

  1. Faz sentido comparar com a história do HIV?

Não muito. “É difícil traçar um paralelo, já que as vias de transmissão e formas de prevenção são totalmente diferentes”, analisa Marcelo. Com o aparecimento de uma doença praticamente desconhecida, é natural surgirem boatos e informações desencontradas. Exemplo: circularam notícias na internet ligando o surto de zika aos mosquitos geneticamente modificados usados em algumas regiões brasileiras no controle da dengue. O caso já foi desmentido pelo Ministério da Saúde.

  1. O que está ao seu alcance para se prevenir?

A estratégia mais sensata e eficaz hoje é atacar o vetor. Então temos de ficar de olho nos criadouros do mosquito e eliminá-los. Ou seja: água parada, jamais! Para reforçar essa ação coletiva, campanhas de conscientização devem pipocar pelo país durante o verão. O Ministério da Saúde recomenda ainda o uso de repelente no corpo todo, inclusive por cima das roupas, especialmente para as futuras mamães.

  1. Onde mora o problema?

Casos de microcefalia ligados ao zika já foram registrados em 18 estados brasileiros — e a projeção é de crescimento no verão.

O raio X do vírus

O zika pertence à família dos flavivírus, assim como o chicungunya e a dengue, e, a exemplo deles, é transmitido por mosquitos. Sabe-se até agora que ele se multiplica rapidamente e tem alta capacidade de sofrer mutação. A suspeita é que o vírus vem aperfeiçoando sua interação com as células humanas, o que lhe tem garantido maior sucesso no contágio e na propagação.

O raio x do mosquito

O Aedes aegypti é um para-raio de agentes patogênicos — só no Brasil, três vírus pegam carona nele. O mosquito listrado gosta de temperaturas altas, entre 25 e 30 ˚C, e clima úmido. Apesar de ter hábitos diurnos, a fêmea também pica à noite. Por voar baixo, costuma atingir principalmente pés e pernas. Dá-lhe repelente no verão!