O dólar negocia em baixa nesta quinta-feira (2) e negocia abaixo de R$ 5 pela primeira vez em quase oito meses, após o ritmo de aperto monetário do Federal Reserve ter diminuído ainda mais e a Selic ter ficado em patamar elevado pelo banco Central Banco. pintou um quadro diferencial de taxa de juros favorável para o real.
Às 10h57, a moeda norte-americana caiu 1,74 %, para 4,9732. Pelo menos o dólar chegou a US$ 4,9417.
Na véspera a moeda norte-americana caiu 0,25 %, cotada a R$ 5,0604. Com isso, a moeda traspassou a acumular perdas de 0,99 % na semana, 0,25 % no mês e 4,12 % no ano.
Variação do dólar em 2023
Quais são as mudanças do mercado?
A queda do dólar foi causada em parte pela decisão do Federal Reserve (BC dos estadosunidosdaamérica no dia anterior de elevar a taxa de juros-alvo em 0,25 ponto percentual, uma desaceleração em relação aos incrementos anteriores de 0,50 e até 0,75 ponto.
“Desde o final do ano passado se fortaleceu a ideia de que o Fed iria cortar os juros, e isso se concretizou ontem e enfraquece o dólar defronte a todas as moedas é um movimento global”, disse o planejador Bruno Mori. Financiamento da Reuters pela Planejar.
O Banco Central do Brasil decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano e ressaltou que a incerteza fiscal e a deterioração nas expectativas de inflação do mercado elevam o custo para que a autoridade monetária atinja suas metas, sugerindo taxas altas por mais tempo.
“A ideia de que os juros não vão cair tão cedo ganham cada vez mais força e evidência prática, e o fluxo para o mercado local tende cada vez mais a aumentar”, explicou Mori, destacando o amplo espaço entre os patamares de juros no Brasil e nos Estados Unidos.
Quanto maior o diferencial entre os custos dos empréstimos domésticos e internacionais, mais atraente fica o real para uso em estratégias de “carry trade”, que consistem na contratação de empréstimo em país de juro baixo e aplicação desses recursos em praça mais rentável. Desta forma, a manutenção da Selic no nível elevado atual e um arrefecimento do aperto monetário do Fed jogam a favor da divisa brasileira.
Com o real nadando a favor da correnteza, a tendência para o mês de fevereiro é de que o dólar rompa definitivamente a barreira dos R$ 5 para baixo, acrescentou o especialista à Reuters.
Nesta quinta, o Banco Central Europeu aumentou novamente as taxas de juros e indicou pelo menos mais uma alta no próximo mês. O BCE vem aumentando os juros a um ritmo recorde para combater o repentino surto de inflação na zona do euro. O banco central dos 20 países que compartilham o euro aumentou a taxa de depósitos bancários em mais 0,5 ponto percentual, para 2,5%. O banco ainda afirmou que o próximo aumento da taxa será do mesmo tamanho.
Eleições no Congresso ajudam
Alguns investidores apontaram o resultado das eleições para as lideranças do Congresso como um suporte adicional para o real, depois que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu o que queria ao ver reeleitos Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como presidente do Senado.
“Câmara e Senado consolidaram condições de governabilidade melhores, isso é superpositivo para a questão da atividade (econômica)”, disse Mori, que também citou uma reabertura econômica na China como outro impulso para a divisa doméstica e outras moedas de países emergentes.