O comitê independente instalado para investigar o escândalo da Americanas (AMER3) pode levar mais tempo do que o planejado inicialmente para finalizar seus trabalhos. De acordo com informações divulgadas nesta sexta (3), existem fortes indícios de que houve uma fraude contábil na varejista.
“Não restam muitas dúvidas sobre a ocorrência de fraude“, decretou uma fonte ouvida pela Coluna do Broadcast, do jornal O Estado de São Paulo.
De acordo com os interlocutores, as indicações apontam que as inconsistências contábeis avaliadas em R$ 20 bilhões eram praticadas “entre sete e oito anos”.
Assim, deve ser necessário mais tempo para aprofundar as apurações, verificar se não foram praticadas fraudes de outras naturezas e checar o grau de envolvimento da administração da varejista. Dessa forma, existe a possibilidade de que os trabalhos se arrastem por vários meses.
O Suno Notícias questionou a Americanas sobre o caso, mas não obteve retorno até a publicação.
Recuperação judicial da Americanas
A recuperação judicial da Americanas tem mais dívidas do que a própria companhia imaginava. Segundo informações divulgadas na quarta (1º), um pente fino nas contas da varejista identificou R$ 6,6 bilhões a mais em débitos. Assim, o valor total do rombo saltou de R$ 41,2 bilhões para R$ 47,9 bilhões.
A Verde Asset afirmou em carta a cotistas que “foi vítima de uma fraude” na crise da Americanas. A gestora de investimentos afirmou que, embora fundo tenha tido prejuízo relativamente pequeno com as debêntures da varejista que pediu recuperação judicial no mês passado, vai buscar “exercer seu dever fiduciário” de proteger seus cotistas.
“Temos a maior fraude da história corporativa do Brasil, um buraco de mais de R$ 20 bilhões”, afirmou o fundo em carta divulgada nesta segunda-feira (6).
A gigante do varejo Americanas entrou em recuperação judicial depois de detectar uma falha de R$ 20 bilhões em sua contabilidade. Para o presidente da Associação Brasileira dos Investidores (Abradin), o economista Aurélio Valporto, o erro, na verdade, é uma fraude.
Em entrevista ao Brasil de Fato, ele afirmou não ter dúvida de uma irregularidade intencional. Explicou que ela ocorreu para minimizar dívidas reais da companhia, aumentar seu lucro artificialmente e distribuir boa parte deles aos seus principais investidores: Jorge Paulo Lemann, o mais rico do país; Marcel Telles, o terceiro; e Beto Sicupira, o quarto.
Para Valporto, os três bilionários precisam ser investigados. Primeiro porque foram os principais beneficiados pela fraude. Depois, porque têm um histórico de práticas controversas no mercado.