George Washington Souza, 54, suspeito de atos terroristas em Brasília, afirmou à polícia ter tido um outro parceiro na tentativa explodir no sábado um caminhão de combustível em via próxima ao aeroporto da capital federal. Segundo o Diário Federal apurou, a polícia identificou que se trata de Alan Diego dos Santos — que teria deixado a cidade.
George disse aos agentes que o prenderam, segundo os depoimentos dos policiais — aos quais a reportagem teve acesso —, que esteve no acampamento de bolsonarista em frente ao Exército na sexta-feira (23) à noite e que lá ele deixou o artefato explosivo “já preparado” com Alan.
O suspeito afirmou à polícia que acreditava que a bomba seria colocada “tão somente” em um poste energia para interromper o abastecimento de eletricidade em Brasília. A reportagem não conseguiu localizar Alan nem identificar se ele tem advogado de defesa.
Quando foi preso e autuado em flagrante sob a acusação de crime de terrorismo, a Polícia Civil anotou na ocorrência que o empresário George indicou duas pessoas com telefone do Pará para serem avisadas de sua prisão: um amigo e um fazendeiro. O amigo atendeu ao telefonema do suspeito.
Segundo familiares de George ouvidos pela reportagem, ele é dono de um restaurante localizado num posto na cidade Xinguara (a cerca de 800 km de Belém) e está desde o início de novembro em Brasília — onde alugou um imóvel, no qual a polícia apreendeu armas e munições.
A polícia acredita que a bomba tenha sido colocada no caminhão de combustível entre a noite de sexta-feira e as 5h de sábado. Foi na madrugada de sábado que o caminhoneiro foi fazer uma inspeção no veículo e descobriu o explosivo, que continha emulsão de pedreira, e foi desarmado pelo grupo antibomba da Polícia Militar do DF.
Segundo o delegado-geral da Polícia Civil do DF, Robson Cândido, o empresário George Washington armou a bomba porque queria chamar a atenção para o grupo que apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL). O grupo protesta em dois pontos de Brasília pedindo que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não tome posse e que seja feita uma intervenção das Forças Armadas para melar o resultado das eleições.
Em redes sociais, grupos de apoiadores de Bolsonaro afirmam que George Sousa não é bolsonarista. Mas fontes da Secretaria de Segurança ouvidas pelo Diário Federal hoje afirmaram que os protestos são observados por policiais à paisana das equipes de inteligência e que muitos militantes de Bolsonaro são monitorados constantemente. As informações colhidas são complementadas com depoimentos de testemunhas e publicações em redes sociais.
No Gama, a cerca de 25 quilômetros da área central de Brasília, a polícia identificou mais explosivos. Ainda não se sabe sua relação com os artefatos encontrados no aeroporto.