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Presidente do PL diz havia minutas “na casa de todo mundo”

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O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse que pessoas próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinham em casa minutas de decreto de Estado de Defesa semelhantes à encontrada na casa de Anderson Torres. Segundo ele, o ex-chefe do Executivo não discutiu com ele sobre contestar o resultado da eleição de outubro.

Um dia eu falei: ‘Tudo que temos que fazer tem que ser dentro da lei’. Ele [Bolsonaro] falou: ‘Tem que ser dentro das 4 linhas da Constituição’”, declarou Costa Neto em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta 6ª feira (27.jan.2023).“Nunca comentei, mas recebi várias propostas”, falou o presidente do PL. “Tinha gente que colocava [papel] no meu bolso, dizendo que era como tirar o Lula do governo. Advogados me mandavam como fazer utilizando o artigo 142, mas tudo fora da lei”, acrescentou.

A pressão em cima dele foi uma barbaridade. Como o pessoal acha que ele é muito valente, meio alterado, meio louco, achava que ele podia dar o golpe. Ele não fez isso porque não viu maneira de fazer”, continuou.

Agora, vão prendê-lo por causa disso? Aquela proposta que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo. Muita gente chegou para mim agora e falou: ‘Pô, você sabe que eu tinha um papel parecido com aquele lá em casa. Imagina se pegam.

Em 12 de janeiro, a PF (Polícia Federal) encontrou na casa de Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, uma minuta para Bolsonaro decretar Estado de Defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em Brasília, antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O objetivo seria mudar o resultado da eleição presidencial vencida pelo petista e decretar Estado de Defesa na sede do TSE.

Em sua defesa, o ex-ministro disse ter uma “pilha de documentos para descarte e que “muito provavelmente” a minuta estaria ali. “Tudo seria levado para ser triturado oportunamente”, afirmou em seu perfil no Twitter

Torres está preso, acusado por autoridades de omissão no episódio da invasão das sedes dos Três Poderes no 8 de Janeiro.

Bolsonaro disse ao TSE em 19 de janeiro que a minuta apreendida na casa de Torres é “apócrifa” e não foi encontrada com ele. No documento, o ex-chefe do Executivo disse não haver atos concretos ou indícios de que ele tenha agido para que “providências supostamente pretendidas pelo documento fossem materializadas”

SILÊNCIO DE BOLSONARO

Costa Neto atribuiu ao “baque” o silêncio de Bolsonaro quando seus apoiadores pediram intervenção militar depois das eleições. “Isso pode ter sido um erro meu, dos políticos, que não o preparamos para uma possível derrota. Nunca tocamos nesse assunto, não passou isso pela cabeça dele”, disse.

Segundo ele, Bolsonaro estava “um pó” no dia seguinte à derrota eleitoral. “Quando eu o vi após uma semana, eu achei que ele ia morrer. O cara estava desintegrando”, afirmou.

Passaram 3 ou 4 semanas, e vi que ele melhorou. Perguntei o que era, e ele disse que estava comendo, porque ele ficava 4 ou 5 dias sem comer nada. O mundo dele virou de ponta-cabeça.

O presidente do PL disse querer que Bolsonaro retorne ao Brasil, pois o partido precisa dele. O ex-presidente está nos Estados Unidos desde o fim de dezembro. Segundo Costa Neto, Bolsonaro disse que retorna no final deste mês.

Ele é muito importante para nós. Por exemplo, para conduzir essa bancada de direita que nós temos aqui. O pessoal é muito extrema-direita. Com Bolsonaro aqui, eu estou no céu. Eles ouvem Bolsonaro. Não vão ouvir a mim”, declarou.

Questionado sobre o papel que terá o ex-presidente, Costa Neto respondeu: “Cuidar desse pessoal e viajar, ser convidado para todos os eventos, e começar a pôr a vida em dia”.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, por sua vez, deve “cuidar da parte de mulheres” dentro do PL. “Ela tem condições. Ela pode ser candidata até a presidente da República. Ninguém sabe o dia de amanhã”, falou.

CONGRESSO

Costa Neto disse acreditar que há “muita chance” do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) ser eleito para a presidência do Senado. “Vamos consolidar o bloco com PP e com o Republicanos. Marinho fez o relatório com 35 nomes. Falta voto ainda, mas está caminhado”, falou.

Sobre a liderança na Câmara, declarou que o PL vai “fechar a questão”.

Se alguém sair para disputar com o [Arthur] Lira [PP], nós vamos ser obrigados a expulsar do partido”, afirmou.

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